Continuação 'o inicio do meu fim'

(...)

Comecei a vasculhar no computador sites que falavam sobre sonhos e seus significados, nenhum falava nada que pudesse decifrar o que eu havia sonhado, esse era um mistério que eu teria que desvendar sozinha.
- Menina Sofiiaaa, sua mãe ligou mandando você acordar e ir pra casa da sua tia Marília, porque eu já estou indo embora, ela vai chegar tarde, e não tem almoço.
- Ta bom Edileuza.
- Tchau menina Sofia, até amanhã!

Era minha chance de pesquisar sobre esse meu estranho sonho, ou simplesmente pensar a respeito dele, para tentar decifra-lo. Olhei para meu braço, peguei um casaco para esconder os arranhões feitos na noite anterior, meu celular, chave e dinheiro, calcei um ténis e sai.

Andei um pouco na rua pensando em tudo que poderia explicar aquele estranho sonho. Fui à biblioteca principal da cidade, procurei livros sobre sonhos e espíritos, aluguei um de cada e fui pro parque, comprei algo pra comer, sentei debaixo de uma árvore e comecei a ler atentamente cada palavra do primeiro livro.

Falava sobre sonhos, nada parecia com o meu sonho. Já nas ultimas páginas do livro li um texto que me chamou atenção:
"...Os sonhos nem sempre mostram seus significados claramente, a escuridão deles pode querer dizer que você está afogado em confusão, medos e maus sentimentos.(...) Muitas vezes não são 'objetos' do sonho que o decifram e sim o que ele realmente é (...) os sonhos também podem vir para explicar algo, ou mostrar uma realidade da nossa vida que não podemos ver quando estamos conscientes..."

Passei para o segundo livro, muitas partes me interessaram, não só por parecer com o que eu havia sonhado, mas pelo próprio assunto mesmo, era bem diferente do que eu estava acostumada a ler ou ver, mas cada palavra parecia me encantar.
"...Durante o sono muitas almas saem de seus corpos e 'passeiam'(...)são poucos os que se lembram de suas 'viagens' ao acordarem, a maioria acredita que aquilo não passou de um sonho, mesmo que possam ver seus corpos deitados em suas camas dormindo(...)muitos também acreditam que durante suas viagens podem resolver alguns de seus problemas, ou até mesmo cuidar de si próprios liberando forças ruins que possam existir dentro do seu eu..."

Passei a tarde inteira ali, lendo e relendo os livros, procurando mais coisas que pudesse associar ao ocorrido. Já estava escurecendo, devolvi os livros a biblioteca, minha mãe não precisava vê-los, liguei para minha mãe, ela já estava indo me buscar na casa da tia Marília, eu disse que não precisava e voltei pra casa a pé. Andei durante um bom tempo, pensando no que pudesse estar realmente acontecendo comigo, não podia ser só por causa do Rafael; olhei para o lado e vi um casal se beijando, as lágrimas escorreram pelo meu rosto, era difícil lembrar de tudo, eu estava tão concentrada nos livros que nem tive tempo de pensar em outra coisa durante aquela tarde, mas o momento de chorar por ele havia chegado.

Era noite de novo, já estava na cama, chorava por ele mais uma vez. Quando isso vai acabar? eu me perguntava a cada instante. Eu não mereço ser feliz mesmo! O choro já vinha com soluços abafados pelo travesseiro, aquela dor havia voltado, e um vazio no meu peito estava começando a crescer, puxei meus cabelos com raiva, adormeci.

[/Continua'