sábado, 2 de maio de 2009

Continuação²

(...)

Mais uma vez a escuridão me dominou. Isso já ta chato, pensei comigo mesma.
Mas dessa vez a escuridão, não era mais tão escura, eu podia ver ao meu redor, nada ainda era claro, mas também não era uma escuridão infinita. Eu podia ver uma estrada bem longa, e no final dessa estrada tinha um feixe de luz que me atraia, eu tentava não ir, mas meus pés não me obedeciam, seguiam andando pela estrada. Lembrei do livro lido mais cedo, "...Não podemos fugir do nosso destino...", e agora eu podia ver uma estrada não tão longa, o feixe ainda não era identificável, mas estava mais próximo. Continuei andando sem parar, vi uma sombra junto ao feixe de luz; a dor voltou a me 'atacar', doía muito, era torturante, minhas pernas ficaram fracas, tremeram e eu cai.

Ouvi o barulho do despertador, já era dia de novo, e hoje não teria desculpa para não ir a aula, me levantei devagar ainda pensando sobre o sonho dessa noite, estava mais claro, mas eu ainda não entendia praticamente nada, um dia eu teria de desvenda-lo. Me arrumei, peguei meus materiais, e fui tomar meu café da manhã.

- Filha, vamos?
Minha mãe já estava na porta, colocava seus brincos e olhava o relógio preocupada.
- Chegarei atrasada na reunião se continuarmos aqui.
Peguei minhas coisas e segui para a porta.

Cheguei na escola, nada de muito diferente; as mesmas pessoas, as mesmas fofocas, as mesmas atitudes, tudo como era antes.
A aula começou e acabou como num piscar de olhos, procurei criar teorias sobre o que estava acontecendo comigo, e isso me distraiu durante as aulas. O Rafael veio falar comigo algumas vezes, mas eu mal o escutei, na verdade eu não queria escuta-lo, pois sempre que eu fazia isso, o vazio dentro de mim voltava a aparecer, e doía; a única coisa que fui capaz de ouvir claramente foi "sonhei com você, e queria conversar..." e lembro de ter dito "agora não" e me concentrado novamente.

Na saída da escola, voltando para casa, a pé como em boa parte dos dias, ele começou a andar ao meu lado, me acompanhando e disse:
- Podemos conversar agora?
O vazio invadiu meu peito, mas tentei me manter estável.
- Diga Rafael, o que você quer?
- Você realmente não ouviu nada do que te disse mais cedo?
- Você disse algo? Desculpa, eu estava distraída.
- Percebi. Mas é que sonhei com você essa noite, foi estranho, você estava longe, mas vinha ao meu encontro, e de repente você parou e tudo ficou escuro. Não entendo de sonhos, mas pensei que você pudesse estar com problemas.
- Eu estou bem Rafael, não precisa se preocupar comigo.
- Não é o que parece, você estava tão distraída hoje, e você mesma me disse ontem de manhã que não estava bem.
- Já disse e repito Rafael, esquece isso! Tenho que ir agora.

Fui me distanciando dele, ele segurou meu braço, me puxou, e disse no meu ouvido
- Sinto sua falta garota.
Eu me soltei dele, e segui meu caminho para casa, com uma certa rapidez.
Sentia ele me olhando, mas continuei a andar; quanto mais longe eu estava da escola, melhor eu me sentia.

Cheguei em casa, coloquei minhas coisas no quarto, e depois de almoçar deitei em minha cama, coloquei os fones de ouvido e procurei me distrair do mundo e de tudo nele presente, esta era a hora de descansar, porque mais tarde teria muito em que pensar.

[/continua